Os impactos do etarismo no consumo dos idosos
Entenda como as empresas estão perdendo oportunidades de negócio, deixando de lado uma parte da população que contribui fortemente com a economia do país.
Você sabia que, em 2100, mais de 40% da população brasileira será composta por pessoas com mais de 60 anos? Essa é a projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que comprova o que a gente já escuta falar por aí há algum tempo. A população está envelhecendo e, com isso, cresce a urgência para falarmos sobre etarismo.
Poderíamos abordar esse envelhecimento da população sob muitas perspectivas, mas aqui queremos focar em um aspecto que vai fazer parte da vida de qualquer pessoa até o fim da vida: o consumo. As marcas estão preparadas para lidar com pessoas idosas? O brasileiro vai mudando seus hábitos de consumo com o avançar da idade?
Queremos discutir essas questões ao longo deste artigo, vamos falar mais sobre etarismo e também sobre os fatores que impactam nas relações de consumo da pessoa idosa. Aqui, queremos falar do presente, mostrando um retrato da população idosa atualmente e os maiores problemas enfrentados pelos idosos na hora de consumir.
Mas também vamos falar do futuro e mostrar o que o mercado de consumo reserva para os idosos ao longo dos próximos anos. Uma coisa é certa: as marcas que ainda não estão olhando para essa parcela da população estão perdendo tempo e dinheiro.
Índice:
Geração prateada: quem são os consumidores idosos?
O impacto dos idosos na economia mundial é tão grande que existe um nome específico para tratar do consumo praticado por eles: economia prateada.
De acordo com a Hype60+, a economia prateada é responsável por movimentar mais de 15 trilhões de dólares por ano, já sendo considerada a terceira maior atividade econômica do mundo.
No Brasil, o impacto dessa parcela da população não fica para trás. Por aqui, a economia prateada movimenta R$ 1,8 trilhão por ano, cifra que só tende a crescer nos próximos anos, já que o poder de compra das pessoas 60+ tende a aumentar.
Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que pessoas com mais de 65 anos correspondem a 17% dos 5% da população mais rica do país e a apenas 4% dos 40% mais pobres. E não para por aí.
Pesquisas apontam que 91% dos brasileiros com mais de 60 anos contribuem financeiramente em casa, enquanto 52% são os principais responsáveis pela renda da família. Ou seja, essa história de achar que os filhos tornam-se financeiramente responsáveis pelos pais quando eles chegam na terceira idade é puro etarismo e desconhecimento da realidade.
Dica: Conheça os direitos do consumidor idoso
O acesso à internet pelos idosos
Se os idosos têm esse impacto tão grande na economia, como eles continuam consumindo como antes se boa parte do consumo migrou para o digital, dificultando o acesso dessa parcela da população? Essa é uma pergunta válida, mas é preciso olhar para o cenário de forma geral, antes de chegar a qualquer conclusão sobre o assunto.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 97% da população com mais de 60 anos têm acesso à internet. Seja para comprar no aplicativo do seu e-commerce preferido ou apenas para manter contato com a família pelas redes sociais, fato é que os idosos estão online.
Mas isso não significa que eles dominam o universo da internet e estão por dentro de tudo que envolve a segurança digital. Na verdade, não dá para falar sobre o tema sem mencionar os desafios que podem estar envolvidos na conectividade dos idosos.
Diante da falta de familiaridade com dispositivos eletrônicos de muitos idosos, a imposição do uso de canais digitais em detrimento do atendimento presencial pode se tornar um impeditivo para a independência deles. Até mesmo os resultados de exames médicos hoje em dia são disponibilizados pela internet.
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O que os consumidores idosos mais consomem?
Engana-se quem pensa que a população idosa consome apenas medicamentos. De fato, as pessoas com mais de 60 anos são os maiores consumidores desse tipo de produto, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos. Mas o consumo desse público não se restringe a isso.
Produtos eletrônicos, notebooks e celulares, por exemplo, entraram de vez na lista de compras dos consumidores 60+ — especialmente depois da pandemia, quando eles se viram obrigados a abraçar a tecnologia para manter contato com o mundo. Além disso, artigos de vestuário, itens de saúde e bem-estar, artigos de casa e itens para viagens estão sempre presentes na lista de compras dos idosos.
Vale dizer que uma diferença importante entre as pessoas com mais de 60 anos e integrantes de outras gerações é a busca pela qualidade. Os idosos, no geral, não compram pela marca, pelo preço, nem porque está todo mundo comprando, mas sim pela qualidade do produto.
Outra questão importante é que pessoas mais velhas têm menos tolerância para filas, atendimento ruim e lojas cheias, mas, mesmo com o avanço da tecnologia, ainda preferem o contato direto e pessoal das lojas físicas. De toda forma, comprar pela internet já é uma realidade para essa parcela da população: 70% das pessoas idosas têm o hábito de comprar online.
Dica: Representatividade das pessoas negras no mercado consumidor
Quais são os principais problemas enfrentados pelos consumidores idosos?
Apesar da inquestionável importância para a economia, a população idosa não tem vida fácil no mercado de consumo. Isso porque grande parte das empresas continuam produzindo para os millennials ou para a Geração Z, fazendo do etarismo uma triste realidade e deixando os mais velhos de lado em seu catálogo de produtos.
Entre os principais problemas enfrentados pelos consumidores idosos — além da dificuldade com o serviço de atendimento apenas online, como mencionamos acima —, podemos destacar a falta de representatividade. Ao não ver pessoas idosas nas propagandas, por exemplo, o público com mais de 60 anos tem mais dificuldade de se conectar a um produto ou uma marca.
E até mesmo os produtos que são de necessidade básica podem se tornar um desafio no dia a dia dos idosos. Do manuseio à leitura do rótulo, alguns atributos das embalagens de produtos físicos podem fazer diferença para os mais velhos. Quer ver um exemplo? Se pessoas 60+ são os principais consumidores de remédios, por que as bulas ainda são impressas com uma letra praticamente ilegível?
Seja uma embalagem difícil de abrir ou rótulos com letras que dificultam a leitura, há muitos fatores que afastam os consumidores idosos de determinados produtos. E isso impacta, diretamente, nas relações de consumo.
Como o etarismo impacta as relações de consumo?
Propagandas que não representam os idosos, embalagens difíceis de serem manuseadas por quem é mais velho e serviços que só podem ser consumidos a partir de um acesso que não é simples para quem nasceu muito antes da era tecnológica. Tudo isso tem nome: etarismo. E nós precisamos falar sobre ele.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), etarismo é o conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminação direcionados a pessoas com base na idade. O estudo Tsunami60+ mostra que quatro em cada dez consumidores acima de 55 anos sentem falta de produtos e serviços voltados para eles.
Qual é a perspectiva do mercado de consumo para os idosos?
Se há poder de consumo, há oportunidades de negócios. E com a economia prateada representando tanto na economia do país, como vimos ao longo do artigo, não é por acaso o crescente número de marcas que oferecem produtos e serviços específicos para a população 60+.
De lingeries que ajudam mulheres idosas a melhorar a relação com seu corpo, a jogos que buscam estimular a capacidade cognitiva e cultivar a convivência social, a oferta para esse público fica cada dia mais variada e atrativa. De toda forma, o mercado ainda tem muito a evoluir — criando produtos e serviços que atendam às necessidades específicas do público 60+ e promovendo uma inclusão real, inclusive garantindo mais acessibilidade no ambiente digital.
E não é só no mercado de consumo que o etarismo precisa ser discutido. No ambiente de trabalho, o tema também está com o sinal de alerta ligado.
Segundo pesquisa do portal Infojobs, 40% dos profissionais brasileiros já sofreram preconceito devido à idade. O relatório Global Report on Ageism, produzido pela OMS, por sua vez, alertou que metade da população mundial já passou por atitudes discriminatórias pelo mesmo motivo.
Se as empresas ainda resistem em integrar a população 60+ a seu quadro de colaboradores, precisamos dizer que, além de ser fruto de um grande preconceito, isso não vai ser sustentável por muito tempo. A população do país está envelhecendo e, até 2040, metade da força de trabalho no Brasil terá mais de 50 anos.
Ou seja, a discussão sobre o etarismo é urgente. E a inclusão das pessoas idosas no mercado de consumo também.
Dica: Conheça os principais direitos do consumidor
Idosos também têm direitos como consumidores
Os dados que trouxemos neste artigo deixam claro o impacto dos idosos na economia do país. Mas, será que o mercado de consumo está acompanhando o comportamento da população 60+? O primeiro passo para garantir a inclusão e o bem-estar desse grupo é disseminar o conhecimento sobre o Código de Defesa do Consumidor e os direitos dos idosos.
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