Ministério recolhe lote de 18 marcas de café impróprio para consumo
Por RedaçãoEm 02/07/2024 às 12:36 4minutos de leitura
Lotes de cafés de 18 marcas são considerados impróprios para o consumo pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O órgão divulgou a lista na sexta, 28 de junho. Os cafés torrados foram identificados após a análise do Departamento de Inspeção do órgão que detectou a presença de matérias e elementos estranhos e impurezas acima dos limites permitidos pela legislação vigente, a Portaria nº 570 (veja a lista de marcas e lotes de café impróprio para consumo no final da matéria).
As empresas responsáveis devem recolher os produtos determinados.
O alerta do Ministério faz parte da Operação Valoriza, que fiscalizou 168 amostras de café em todo o país, entre os dias 18 e 28 de março de 2024.
Índice:
Café impróprio para consumo
Segundo essa legislação, o café impróprio para consumo pode conter materiais estranhos, elementos estranhos e impurezas. No caso da apreensão, alguns lotes apresentaram todas os itens. Vamos entender cada um deles:
• as matérias estranhas são grãos ou sementes de outras espécies vegetais, além de areia, pedras, torrões e outras sujeiras;
• os elementos estranhos são grãos ou sementes de outros gêneros, corantes, açúcar, caramelo e borra de café solúvel ou de infusão;
• as impurezas são cascas, paus e outros detritos provenientes do próprio pé de café.
Identificou o café impróprio para consumo – o que fazer
Neste cenário, apenas os itens alimentícios oficialmente determinados pela Anvisa podem ser considerados com vício – ou seja produtos em desacordo com normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação. Então, é fundamental se atentar ao lote do produto. Mas de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) quando é definida a suspeita ou a comprovação de qualquer dano ao consumidor – ele tem a garantia da troca ou ressarcimento do produto. “No caso, ele pode entrar em contato com a fábrica e seguir as orientações para ter seu direito assegurado”, esclarece Adriano Fonseca, especialista em defesa do consumidor da PROTESTE.
Considerando a solidariedade legal, o ponto de venda também pode ser uma referência. E claro, tendo algum problema, a pessoa pode entrar em contato com a nossa associação. “A plataforma do RECLAME está à disposição”, alerta Adriano.
Vale lembrar que, se o produto foi consumido e causou algum dano ao consumidor, o fabricante, produtor ou importador respondem por toda reparação, material e moral, causada pela falta de segurança.
A orientação da PROTESTE é, mais do que nunca: atenção aos rótulos e informação nas embalagens – é lá que o consumidor vai encontrar as informações necessárias.
Ainda, caso encontrem alguma dessas marcas sendo comercializadas, o Ministério solicita que seja comunicado imediatamente pelo canal oficial Fala.BR, informando o estabelecimento e endereço onde foi adquirido o produto.
Classificação do café
Na edição 224 da Revista PROTESTE, no teste de cafeteira, ouvimos a gestora do Café Magrí, Marília Balzani, sobre a experiência da bebida.
É um mundo ainda novo para muito e bastante até complicado. Mas a sua classificação vai nos ajudar a entender o nível de pureza dos grãos.
“A caracterização de um café como especial ou comum tem a ver com tudo o que é feito durante a sua produção, desde o plantio e a colheita. A quantidade de defeitos é o que determina a qualidade. Por exemplo: é ruim um café que ficou imaturo ou teve algum tipo de praga ou mofou no pé. Tudo isso vai interferir no sabor final”, afirma a barista.
Qualificação do café
Sendo assim, os requisitos de identidade e qualidade estabelecem a classificação do café torrado. Esse padrão oficial do café torrado considera seus requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem, nos aspectos referentes ao produto.
Simplificando, tecnicamente, o processo de qualificação do café envolve a análise de dez atributos:
• Fragrância/aroma,
• Uniformidade na xícara,
• Ausência de defeitos,
• Sabor,
• Doçura,
• Acidez,
• Corpo (sensação táctil de peso na língua),
• Finalização (sabor residual que fica na boca depois de engolir),
• Equilíbrio (se a doçura, a acidez e os sabores estão em harmonia)
• Impressão geral.
Vamos entender a classificação
Cada um recebe notas de zero a dez, num total de cem pontos. Os cafés que somam a partir de 82 são considerados especiais, de acordo com o Brazil Specialty Coffee Association Commercial (BSCA), órgão regulamentador no país. “Em resumo, cafés especiais são considerados melhores porque houve uma preocupação com a seleção de bons grãos. No comum, ou comercial, ficou-se atento ao volume da produção, por isso acabam não se ligando a alguns detalhes que garantem a qualidade. Às vezes, durante a colheita, caem folhas, galhos e outras partículas da própria planta, que acabam indo para o café que a gente compra”, explica Marília.
Mas como falamos, há um padrão de qualidade definido pela Portaria No 570 e foi exatamente o não cumprimento da regulamentação que determinou a retirada dos produtos da prateleira pelo Mapa.
Grãos funcionam como cápsulas
Mas vamos entender mais da qualidade do café. No dia a dia, um fator que interfere no sabor do café é o momento da moagem. “O grão funciona como se fosse uma cápsula, então dentro dela estão todos os compostos voláteis (cafeína, proteínas, carboidratos, etc.) e óleos. Quando moído, é como se a gente o abrisse, e esses compostos volatilizassem mais rapidamente e esses óleos começassem a oxidar”, ressalta Marília.
A profissional reforça que a qualidade do café está relacionada ao processo de produção, independentemente da forma de como ele é comercializado.
Forma de fazer é importante
Marília ainda chama a atenção para outro detalhe: o modo do preparo também é importante para se ter uma boa experiência com a bebida. “É preciso saber fazer o café, seja em qualquer metódo, espresso, coado, em prensa francesa, em cafeteira italiana… Cada um tem as suas especificidades, truques e padrões para se obter uma extração adequada e um bom resultado na xícara. Então, além do cuidado com o grão que vai usar, ainda tem que pensar na preparação”, diz.
A barista, aliás, aproveita para desmistificar a “lenda” de que café feito no coador de pano é melhor. Esta percepção estaria ligada a uma questão afetiva — quem não lembra do cafezinho da vovó, né? “Trata-se de uma bebida extremamente oleosa e o pano segura muito os seus óleos. Mesmo lavado direito, ele sempre terá resíduo de cafés passados, o que intefere no sabor do atual. Mas o grande problema é que o óleo que permanece no pano tende a oxidar rapidamente e, se o coador não for bem armazenado, pode proliferar fungos e bactérias”, alerta.
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