Planilha financeira: saiba como fazer e evite o superendividamento

Planilha financeira: saiba como fazer e evite o superendividamento

A ferramenta ajuda no controle das despesas pessoais e na identificação de desperdícios, por isso é importante para a educação financeira

Pagar as contas, guardar dinheiro na poupança e ainda ter uns trocados no fim do mês são atitudes de quem sabe administrar o próprio salário. Parece uma realidade distante para milhões de brasileiros, mas esse controle é possível. Basta aderir à planilha financeira, uma ferramenta que ajuda no planejamento das despesas pessoais.

O hábito de anotar e gerir todos os gastos pode livrar sua família da inadimplência. Essa é uma necessidade ainda mais urgente no cenário de crise econômica atual. Para se ter uma ideia, a quantidade de consumidores com dívidas chegou a 71,4% no último mês de julho, maior índice desde 2010. As informações são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O problema não está nas compras a prazo. O ruim é gastar mais do que seu orçamento permite – e, pior ainda, atrasar pagamentos. Nesse ritmo, o acúmulo de multas e juros vai crescendo como uma bola de neve. O resultado é o superendividamento, um débito quase impossível de quitar. 

Continue a leitura e aprenda como evitar essa armadilha.

Planilha financeira: o que é

Uma planilha de gastos é uma ferramenta para você organizar as finanças pessoais. A ideia básica consiste em registrar todas as despesas de cada mês para saber qual é o seu custo de vida.

Com esse controle, dá para entender melhor onde você está gastando seu dinheiro. A partir daí, é possível fazer ajustes para reduzir o consumo, poupar e até investir a grana que sobra.

Não precisa ter conhecimento avançado em contabilidade. Um arquivo de Excel ou um aplicativo de celular já são suficientes para elaborar a planilha financeira. O que importa é manter a disciplina, como você vai ver logo mais.

Dica: Conheça os principais direitos do consumidor

Benefícios da planilha financeira

A grande vantagem desse instrumento contábil está na facilidade de planejamento. Com uma planilha financeira, você se organiza melhor para atingir a estabilidade econômica. Veja alguns dos benefícios de aderir ao método:

Organização das entradas e saídas

O sucesso financeiro depende de uma operação matemática básica: as receitas (entradas) devem ser maiores que as despesas (saídas). Isso significa que o seu salário precisa ser mais alto que os gastos do mês. Listando tudo na tabela, fica fácil de verificar se a conta fecha.

Diminuição dos gastos desnecessários

Quando você registra compras e pagamentos numa planilha financeira, consegue visualizar o custo de cada produto ou serviço. E então os gastos supérfluos saltam aos olhos.

No comparativo entre as despesas essenciais e as não muito importantes, o segundo grupo sempre pode ser reduzido. Afinal, se você não precisa de determinado item para viver, por que gastar tanto com aquilo?

Aumento do poder de compra

A redução das despesas desnecessárias traz uma consequência óbvia, que é o aumento do poder de compra. Em outras palavras, sobra mais dinheiro para você investir no que realmente importa. Esse é o primeiro passo para construir um patrimônio, isto é, uma reserva que garanta mais segurança no futuro.

Alcance de metas

Definir metas financeiras pode ser uma boa estratégia rumo à prosperidade. Por exemplo, estabeleça um teto de gastos por mês, ou guarde uma porcentagem do seu salário. Assim, em pouco tempo, haverá grana para você realizar sonhos, como viajar ou adquirir um imóvel.

Poupança

Outro benefício do controle financeiro é a elaboração da reserva de emergência. Trata-se de uma quantia para deixar guardada e usar somente com imprevistos.

Bateu o carro e precisou consertar? Passou mal e teve que fazer um procedimento médico às pressas? A reserva cobre justamente esses gastos que não estavam planejados no orçamento.

Dica: junte um pouco a cada mês na caderneta de poupança ou em outra aplicação financeira de liquidez imediata, já que permite o saque a qualquer momento. Desse modo, caso haja gastos urgentes, você não se endivida com empréstimo ou cartão de crédito.

Dica: Relações de consumo: entenda o que são e como funcionam

Como criar uma planilha financeira

O primeiro passo para elaborar uma planilha de gastos é escolher a plataforma. Você pode utilizar o Excel ou o Google Sheets, além de aplicativos específicos para controle do orçamento doméstico. Se tecnologia não é seu forte, vale até mesmo usar papel e caneta, contanto que a estratégia funcione.

Feita essa etapa, chega a hora de registrar e analisar os gastos do mês. As dicas a seguir são baseadas numa cartilha de educação financeira do Banco Central do Brasil. Acompanhe:

  1. Anote seus gastos

Comece tomando nota de todas as suas despesas. Inclua na planilha quanto você gastou com água, energia elétrica, aluguel, supermercado, gasolina etc.

Lembre-se de registrar todo e qualquer pagamento do dia a dia. Tanto faz se foi um cafezinho no intervalo do trabalho ou uma geladeira nova. Anote qual foi a despesa, quanto custou e a data.

Para as compras a prazo, lance o valor das parcelas nos meses correspondentes da planilha financeira. Dessa forma, você não perde de vista as próximas prestações.

O ideal seria atualizar o documento logo após efetuar uma compra. Porém, quem leva uma rotina muito agitada pode tirar uns minutos no fim do dia para essa tarefa.

  1. Agrupe as despesas

Ao longo do mês, as pessoas gastam seu dinheiro das mais variadas formas. Portanto, tenha cuidado para reunir as informações da planilha financeira de um jeito simples de entender.

Uma dica é estabelecer categorias. Por exemplo, compras na padaria e no supermercado podem entrar no grupo “Alimentação”. Já as contas de água, gás e luz fazem parte dos gastos com “Habitação”, pois são despesas relativas ao lar.

Outras sugestões de categorias incluem Transporte, Saúde, Educação e Lazer. Não existe uma regra fixa nessa etapa. O que interessa, aqui, é adotar critérios que façam sentido para você.

  1. Analise os gastos

Ao fim do mês, você terá um retrato fiel do seu custo de vida. Esse é o momento de analisar para onde foi a grana.

Primeiro, verifique se a sua receita é compatível com as despesas, ou seja, se o salário cobre todos os pagamentos do mês. Não havendo dinheiro suficiente, é preciso encontrar alternativas: arranjar uma nova fonte de renda que pague melhor, ou então reduzir os gastos.

A planilha ajuda com a segunda opção. Observando os registros, você percebe quais foram as categorias mais caras. Veja se há desperdício, ou se é possível diminuir alguma despesa.

  1. Planeje o mês seguinte

À medida que você for preenchendo a planilha de gastos mês a mês, obterá uma ideia do custo médio de suas despesas. Então, terá como estimar os gastos futuros.

Esse conhecimento é essencial para planejar o orçamento doméstico. Sabendo quanto você gasta, fica fácil determinar metas financeiras de longo prazo, já que você também tem noção de quanto sobra para investir em outras áreas.

Aliás, aqui vai uma dica de ouro: trate sua reserva de emergência como se fosse uma despesa fixa. Determine um valor mensal e faça de conta que é mais um boleto para pagar. Ao seguir essa lógica, você sempre vai engordar um pouco mais a poupança – e poderá queimar essa gordurinha nos momentos de aperto.

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Confira alguns modelos de planilha financeira

Separamos alguns modelos de planilha financeira para você iniciar a organização das suas receitas e despesas. Veja as opções selecionadas e escolha o modelo que melhor se adequa ao seu perfil.

Evitando o superendividamento

Recapitulando o que foi visto até aqui, a planilha financeira é um instrumento para controle das despesas. Ela ajuda a organizar o orçamento pessoal para que o saldo final fique no azul. Isso significa ter dinheiro suficiente para quitar as contas em aberto.

Com uma condição econômica estável, você corre menos risco de cair no superendividamento. Esse é o termo usado para definir as dívidas muito altas, que extrapolam a capacidade de pagamento do cidadão.

Acontece que a inadimplência nem sempre é culpa do consumidor. Para ilustrar, imagine que você perdeu o emprego e não tem reserva de emergência. Nesse caso, um empréstimo pode ser a solução para arcar com as despesas imediatas. Porém, haverá os juros do banco ou da financeira, criando um rombo ainda maior no seu orçamento.

Conheça a Lei do Superendividamento

A Lei Federal 14.181/21 surgiu para resolver situações como a descrita acima. Conhecida como a Lei do Superendividamento, ela proíbe abusos na contratação de crédito, como empréstimo “para negativados” ou sem consulta ao SPC e Serasa.

O texto também cria mecanismos como a renegociação das dívidas em bloco. Isso quer dizer que um consumidor superendividado poderá se reunir, com todos os credores, para desenvolver um novo plano unificado de pagamento. A liquidação da dívida poderá ser feita em até cinco anos, dentro das possibilidades orçamentárias da pessoa e garantindo um valor mínimo existencial para sua sobrevivência.

Quer saber os detalhes? Então acesse o artigo Lei do Superendividamento: mudanças e benefícios para o consumidor, que traz as principais informações sobre o assunto.

Dica: O que é seguro prestamista? Entenda como funciona

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