Pandemia trouxe nova realidade ao setor supermercadista

Pandemia trouxe nova realidade ao setor supermercadista

Com a crise causada pelo novo coronavírus, os supermercados precisaram se adequar rapidamente aos novos protocolos.

Vários setores do varejo foram fortemente afetados pelos impactos econômicos do novo coronavírus. Queda nas vendas e regras rígidas sobre a abertura dos comércios afetaram praticamente todos os segmentos, mas tiveram impacto menor no setor supermercadista, que foi considerado uma atividade essencial, conforme a Medida Provisória 926/2020. 

No entanto, a possibilidade de permanecerem abertos, sem interrupção da atividade econômica, foi um grande desafio para o setor. “Foi preciso investir em protocolos de higiene e limpeza, para dar segurança tanto aos colaboradores, que precisaram continuar trabalhando, quanto aos consumidores”, afirmou Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) e vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). 

Segundo Fábio, várias mudanças precisaram ser instituídas rapidamente, sem preparo prévio, mas o setor se saiu muito bem. “Os supermercados são fundamentais para garantir o abastecimento dos consumidores, mas tudo o que aconteceu foi algo muito novo. O setor demonstrou enorme capacidade de adaptação”, ressaltou. 

Mudança de cultura

Para o presidente da Asserj, no novo normal, os ambientes mais protegidos serão mais atrativos para os consumidores. “Depois da pandemia, os consumidores irão priorizar locais mais seguros e limpos, e nesse quesito o setor supermercadista tem experiência”, destacou. 

Segundo ele, os supermercados adotaram todos os protocolos necessários para preservar a saúde dos colaboradores e dos clientes. “Funcionários de grupos de risco foram afastados, bem como colaboradores que apresentassem qualquer sintoma que pudesse estar relacionado à Covid”, disse Fábio. Além disso, outras medidas foram adotadas pelas lojas, independentemente de seu porte:

  • carrinhos de compras higienizados a cada uso;
  • funcionário do supermercado borrifando álcool 70º nas mãos dos clientes, na entrada da loja;
  • dispensers de álcool em gel na entrada e na saída das lojas;
  • marcação de pontos de distanciamento, para evitar aglomerações;
  • venda de produtos pré-fracionados, para evitar filas;
  • horários específicos de turnos dos funcionários, de forma a evitar o encontro entre pessoas que trabalham em  turnos distintos;
  • nos refeitórios dos colaboradores, o modelo self-service foi substituído. Agora, o indicado é ter um profissional que sirva os pratos. Além disso, nesse ambiente, os funcionários devem se sentar a uma distância mínima do colega (cadeira sim, cadeira não);
  • fornecimento de EPIs adequados a toda a equipe;
  • distanciamento rígido nas lojas, mantendo clientes e colaboradores a uma distância segura;
  • grande parte das lojas do setor aderiu aos serviços de e-commerce ou fez parcerias com empresas de delivery.

Abastecimento e preços

Fábio também abordou a questão dos aumentos de preços e problemas de abastecimento, que ocorreram, principalmente, no início da pandemia. “Quando se começou a falar em quarentena e isolamento social, as pessoas correram aos supermercados, na tentativa de fazer estoques de alimentos. Houve, realmente, uma correria desenfreada”, contou. 


Isso, segundo ele, embora tenha propiciado um aumento de lucratividade às empresas do setor, foi uma questão momentânea. “Trabalhamos com estoques de produtos bastante elevados. Então, quando os consumidores perceberam que os itens necessários não iriam faltar, o volume de compras retornou aos patamares normais”, explicou. “Nós monitoramos a cadeia de consumo desde o começo e realmente tínhamos certeza de que não havia risco de desabastecimento. Então, o incremento de vendas inicial voltou aos patamares normais logo em seguida”, afirmou. 

Sobre os preços praticados pelas redes varejistas, Fábio destaca que os supermercados são “meros repassadores”. 

“Houve elevação de preços, especialmente em função da alta do dólar e do aumento de demanda no início da crise. Além disso, outros fatores impactam o valor final dos produtos, como o aumento dos custos da indústria com a pandemia. Muitos fornecedores e supermercados também apertaram o orçamento, com a necessidade de afastamento de funcionários doentes ou que são grupo de risco. “É importante lembrar que o setor foi um dos únicos geradores de emprego nesta crise”, explicou. 

Porém, Fábio alertou o consumidor a ter atenção. “Se o preço de um determinado produto estiver muito alto, substitua por outro; se considerá-lo abusivo, denuncie. Mas entenda que o supermercado é um repassador de custos. Embora o setor permaneça em operação, sem grandes quedas nas vendas, o poder aquisitivo da população diminuiu. Assim, o maior volume de vendas tem sido de produtos relacionados à cesta básica, que não proporcionam grande margem de lucro. Itens de maior valor – e, portanto, de margem melhor – não estão tendo alta demanda”, ressaltou. 

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