Educação financeira: importância e como aplicar em casa

Educação financeira: importância e como aplicar em casa

Se você está ou já passou pelo início da vida adulta, com certeza já enfrentou algum problema na hora de cuidar das finanças. Seja o desafio de investir até entender o que raios é essa tal de inflação e porque ela faz suas contas no final do mês ficarem mais caras.

O professor Fernando Gheiner, mestre em ciências contábeis pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) defende que boa parte dessas dificuldades encontradas ao lidar com finanças na vida adulta vem de um défcit ainda na infância, pela falta de aulas sobre finanças ainda na escola.

Defendendo essa ideia, ele trabalha diariamente para conseguir mudar essa realidade. Em 2012, Gheiner conseguiu trazer essa educação financeira na infância – ideia que está se expandindo ao redor do mundo – para escolas no Brasil. De lá para cá, ele vem ministrado aulas para estudantes do ensino médio, técnico e fundamental sobre temas de gestação, empreendedorismo e educação financeira.

“A proposta é estimular o contato do aluno tanto com os conceitos quanto com os serviços disponíveis no mercado, tornando esse jovem consciente financeiramente, com compreensão dos custos envolvidos em suas decisões a longo prazo, e menos disposto a se endividar”, explica.

Importância da educação financeira

Em eras de superendividamentos por motivos, muitas vezes, supérfluos como casas de apostas e compras excessivas, Fernando defende que a educação financeira é um grande aliado para diminuir esse problema. “A consciência financeira passa por desenvolver uma visão sobre riscos e benefícios de todas escolhas que fazemos, de compras cotidianas e suas formas de pagamentos às contas e cartões que possuímos, chegando às decisões de maior valor e impacto, como veículos, imóveis e aposentadoria“, defende.

Ele explica que a ideia de trazer uma educação financeira cada vez mais cedo ajuda a capacitar o jovem a se tornar um cidadão que compreenda os custos envolvidos em suas decisões ao longo do tempo, incluindo o de não tomá-las, como não poupar ou não investir.

“Hábitos saudáveis financeiramente tendem a fazer com que a pessoa se acostume com saldo positivo e se interesse por ter e melhorar a rentabilidade, tornando-se menos disposta a se endividar“, explica.

O professor explica, no entanto, que essas aulas de educação financeira devem ser ministradas de acordo com a metodologia de cada escola e a idade dos alunos, começando com a história do dinheiro e indo até as noções de câmbio e flutuação do valor da moeda.

Educação financeira: importância e como aplicar em casa

Educação financeira: importância e como aplicar em casa (Imagem: Freepik)

Educação financeira em casa

Muito além de apenas aulas sobre o assunto na escola, é de suma importância que os pais, em casa, apliquem uma educação financeira a seus filhos, principalmente quando o tema é pouco – ou nada – abordado em sala de aula. Fernando Gheiner entende que, muitas vezes, os pais não têm os conhecimentos necessários para conseguir, de fato, explicar sobre educação financeira para os filhos em casa, mas defende que existe formas de tentar obtê-lo para gerar essas conversas. “Hoje em dia, não faltam bons conteúdos na internet, vídeos abertos que podem ser indicados para educar toda a família”, orienta.

Além dos vídeos, Fernando explica que a conversa o aprendizado prático também influencia muito. “Certifique-se que seu filho está aprendendo desde pequeno como funcionam os serviços financeiros e desenvolvendo uma relação saudável com o dinheiro – o que pode ocorrer em conversas sobre propagandas de cartão de crédito ou no acompanhamento dos gastos com a merenda. Planejamento e controle são indispensáveis e ter que administrar algum dinheiro desde cedo, independentemente do montante, são formas de desenvolver essas competências a longo prazo”, completa.

Endividamento

Vale ressaltar que a educação financeira, seja em casa ou na escola – ou, melhor ainda, a combinação de ambas – não garantem que a criança não vai se endividar no futuro, mas pode reduzir drasticamente as chances de que isso aconteça.

Além das possíveis escolhas errada e investimentos de risco, o endividamento muitas vezes pode acontecer por formas que não somos capazes de prever, como desastres naturais, problemas de saúde, entre outros. Uma boa educação financeira, no entanto, tende a evitar que ele aconteça por meras escolhas erradas e ajuda a busca por uma boa negociação e recuperação mais rápida do dinheiro após um endividamento.