Caí em um golpe virtual: o que faço agora?

Caí em um golpe virtual: o que faço agora?

Algumas medidas simples podem reduzir ou evitar os prejuízos causados pelos golpes virtuais

A internet está em nossas vidas há décadas e, cada vez mais, é utilizada para os mais diversos fins. Isso faz com que tudo seja mais prático, rápido e seguro. Apesar disso, o ambiente digital também está sujeito ao desenvolvimento de fraudes. Não são raros os casos de pessoas que passaram por tentativa ou mesmo foram vítimas de um golpe virtual, por exemplo.

Um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) indica que, de cada 10 consumidores, 6 caíram em golpes financeiros entre julho de 2020 e julho de 2021. 

Já o levantamento da empresa de segurança digital Kaspersky mostra que, para aproveitar a comoção e o impacto da pandemia na vida das pessoas, criminosos criaram mais de 5 mil sites falsos para roubar dados.

Por fim, um levantamento da Serasa Experian, empresa de dados de crédito, revelou que, no primeiro semestre deste ano, os brasileiros sofreram 1 tentativa de fraude a cada 8 segundos. Foram contabilizados 1,9 milhão de ataques no período, o que representa uma alta de 15,6% com relação ao primeiro semestre de 2020. Esse foi o maior volume já registrado nos meses destacados desde 2011.

Com esse cenário de mais riscos, é fundamental saber não apenas como evitar um golpe virtual, mas também o que fazer caso isso aconteça. Conheça os principais golpes, e como evitar cair em fraudes.

Dica: Dados vazados: o que fazer para se proteger?

Principais golpes virtuais

Ataque de hackers

Hackers podem invadir computadores ou mesmo sistemas de grandes empresas para roubar dados pessoais. Nesse tipo de ação, eles utilizam técnicas complexas para acessar bancos de dados que contenham informações confidenciais. 

Em posse dessas informações, os criminosos podem tomar ações que são extremamente prejudiciais para as empresas e ainda mais para as pessoas proprietárias dos dados.

Em alguns ataques, os golpistas roubam ou criptografam as informações e cobram valores em dinheiro (que podem ser pagos por meio de moedas digitais, mais difíceis de serem rastreadas) para que os dados não sejam vazados ou apagados. Essa prática é conhecida como ransomware.

Sites adulterados

Também existem sites criados especificamente para serem falsos e, com isso, capturam informações pessoais e financeiras. Um site falso de comércio eletrônico pode obter dados como nome, e-mail e, principalmente, número do cartão de crédito. Além de senhas e outras informações sensíveis que serão utilizadas pelos criminosos para conseguir dinheiro.

Por isso, é importante sempre conferir se um site é seguro e verdadeiro, principalmente quando envolver o preenchimento de formulários ou transações financeiras. Veja também se o site é o oficial da marca, se é o mesmo que está anunciado em redes sociais e se possui grafia correta, por exemplo.

Perfil hackeado

Também existe a possibilidade de que o perfil de uma pessoa seja hackeado ou mesmo que seja criada uma versão falsa do perfil de alguém para pedir dinheiro ou aplicar golpes. Isso pode acontecer em aplicativos populares no Brasil, como no WhatsApp.

No caso do perfil hackeado, por meio de técnicas que usam o SMS para acesso do serviço, é possível que golpistas acessem a conta de uma pessoa ou façam a clonagem. A partir desse momento, os criminosos entram em contato com as pessoas da agenda ou do aplicativo de mensagens para solicitar dinheiro.

Em relação ao perfil falso, uma nova conta, que usa o nome e as fotos de alguém verdadeiro, é criada pelos fraudadores. Eles entram em contato com amigos e familiares da vítima do golpe virtual para dizer que a pessoa trocou de número e que precisa de dinheiro. Ao enviarem ajuda financeira, os contatos estão, na verdade, dando dinheiro para os criminosos que criaram a conta falsa.

Um golpe assim aconteceu com a mãe da modelo Carol Trentini: ao se passar pela celebridade, criminosos obtiveram grandes volumes financeiros da idosa, além de fazê-la solicitar empréstimos. 

Dica: Práticas abusivas: o que diz o CDC

Fui vítima de um crime virtual: o que fazer?

Ao ser vítima de um golpe virtual, crime cibernético ou outro tipo de fraude digital, é necessário seguir alguns passos não apenas para denunciar o delito, mas também para evitar ou minimizar os prejuízos decorrentes da ação. 

Se sofrer um golpe eletrônico, é preciso tomar algumas das medidas abaixo:

  • Faça a denúncia em uma delegacia de polícia, presencialmente ou por via digital. Procure pelo site da Polícia Civil do seu estado. Também é possível usar a Delegacia Virtual do Ministério da Justiça e Segurança Pública no caso de alguns estados que aderiram ao sistema;
  • Troque as senhas de acesso das contas bancárias, redes sociais, e-mails e aplicativos;
  • Avise aos amigos e familiares que você foi vítima de golpe, principalmente se a fraude foi a de perfil hackeado ou clonado;
  • Acompanhe o extrato bancário para detectar transações suspeitas e avise o banco. Também é indicado cancelar cartões de crédito para que criminosos não realizem transações;
  • Guarde ou salve comprovantes, imagens de telas, fotos, e-mails, mensagens suspeitas e quaisquer outros dados que possam ajudar a comprovar a fraude e, também, a encontrar os suspeitos.

Denunciar é fundamental para que as autoridades possam acompanhar a evolução no número de fraudes e, com isso, promover mais ações preventivas e de conscientização, como esta cartilha da Polícia Civil de São Paulo sobre crimes cibernéticos.

Principais vítimas

Muitas vezes, determinados grupos podem ser mais visados pelos criminosos que desejam aplicar golpes virtuais. É o caso dos idosos, que podem ser mais suscetíveis a fraudes por questões tecnológicas, sociais ou mesmo emocionais.

Durante a quarentena, houve um aumento de 60% nas tentativas de golpes contra idosos. Muitos são relacionados ao cartão de crédito, conta bancária e outras transações financeiras como empréstimos. Vale lembrar que esse grupo social é um dos que têm direito ao empréstimo consignado, modalidade de captação de crédito que pode ser obtida em poucos dias e é utilizada para chamar a atenção de aposentados e pensionistas.

Vale destacar que os empréstimos também são usados para aplicação de golpe virtual: os criminosos se passam por empresas que oferecem crédito, exigem da vítima o pagamento de taxas cartoriais, depósitos de segurança, garantias ou outras e, ao enviar o dinheiro, os golpistas simplesmente somem. É o golpe do empréstimo na internet.

Em outras situações, os criminosos apelam para questões emocionais a fim de convencer as vítimas a enviar dinheiro. A modelo Carol Trentini relatou que os criminosos, ao se passarem por ela, entraram em contato com sua mãe dizendo que a filha precisava de dinheiro e estava em situação de emergência. 

Eles se aproveitaram da preocupação da idosa com a filha, fizeram ela enviar recursos de contas e, também, pedir empréstimos para conseguir altos valores financeiros.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) reconhece a vulnerabilidade de determinados grupos sociais e, por isso, estabelece que uma das práticas abusivas de empresas é se valer desse aspecto para realizar vendas de maneira indevida

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É vedado a fornecedores de produtos e serviços “prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços”, conforme consta no parágrafo IV do art. 39 do CDC.

Esses mesmos grupos podem ser alvos de golpistas, que tentam aproveitar a mesma vulnerabilidade desses consumidores para aplicar fraudes.

Cuidados para evitar golpes virtuais

Existem formas de evitar um golpe virtual e as iniciativas podem partir dos próprios usuários. Com medidas simples e atenção, é possível escapar de tentativas de fraudes.

Verifique a URL

O URL é o endereço eletrônico de um site. Para constatar que ele é verdadeiro, é essencial prestar atenção para o link da página. Com isso, você evita cair em sites falsos, especialmente aqueles que pedem dados financeiros para compras, por exemplo.

Veja se o site tem informações como o CNPJ, endereço e dados de contato. Além disso, observe se ele também está presente nas páginas oficiais da empresa nas redes sociais.

Por fim, uma dica mais técnica: para saber se um site é seguro, uma medida é olhar se, ao lado do URL, há um ícone de cadeado. Esse símbolo demonstra que o navegador (Google Chrome, por exemplo) reconhece aquela página como segura.

Ao mesmo tempo, veja se o URL começa com HTTPS. O “S” ao final também é um indicativo de que o site é seguro e pode receber dados pessoais. 

Confirme o remetente

Muitas vezes, os criminosos enviam links de sites falsos ou com vírus para conseguir dados pessoais. Por isso, uma medida que ajuda a evitar cair nesse tipo de golpe virtual é conferir o remetente da mensagem, seja ela enviada por e-mail, SMS, rede social ou aplicativo de mensagem.

Confira se o endereço do remetente está disponível nos canais oficiais da empresa. Ao mesmo tempo, veja se a mensagem não partiu de um remetente pessoal, em vez do corporativo. Também desconfie de nomes que tenham muitos números, códigos ou termos incompreensíveis, mesmo que façam referência a sites verdadeiros.

Alguns serviços de e-mail indicam se uma mensagem pode ser um vírus ou falsa. Se houver essa indicação, apague o e-mail. Ainda é importante observar se há erros de grafia e suspeitar de títulos chamativos ou textos com termos exagerados. Isso pode indicar uma ação de golpe virtual.

Verifique a segurança da rede

Outra medida que contribui para evitar golpes é verificar se a conexão de rede é segura, principalmente no caso de compras virtuais. Evite acessar contas bancárias, fazer transações financeiras ou comprar no comércio eletrônico utilizando internet de cafés, restaurantes, shoppings, coworkings e outros lugares públicos. Isso porque não é possível verificar quais as medidas de segurança dessas redes. Além disso, evite utilizar computadores e celulares de terceiros, principalmente para acessar informações pessoais.   

Ao mesmo tempo, é aconselhável não compartilhar a sua rede com outras pessoas para além da sua residência. Acessos externos podem abrir brechas para invasões contra a sua própria rede doméstica, o que é um canal direto de potenciais criminosos para a sua internet e, por consequência, os seus dados pessoais.

Dica: Carteira digital: o que fazer em caso de fraudes?

Não clique em links adulterados

Links recebidos por remetentes desconhecidos ou que são encontrados na internet podem ser páginas falsas, criadas pelos golpistas para obter acesso aos dados pessoais. 

Por isso, não clique em links suspeitos, presentes em mensagens de e-mail, redes sociais ou aplicativos de conversa. Principalmente, se forem enviados por contatos que você não reconhece ou não possui relação.

A verificação de URL também auxilia na identificação de um link adulterado. Caso haja algum erro de grafia, traços ou letras e números a mais ou a menos no link do site, desconfie e não siga com o preenchimento de dados ou com as compras na página.

Informe-se com a PROTESTE

Um dos papéis da PROTESTE é conscientizar consumidores e defender seus direitos em qualquer situação na qual a legislação seja desrespeitada. Com isso, todos podem tomar melhores decisões e, ao mesmo tempo, se protegerem de situações que prejudicam seu bem-estar, como é o caso de golpes virtuais.

Como maior associação de defesa do consumidor da América Latina, a PROTESTE atua de diferentes maneiras para defender e promover os direitos das pessoas nas relações de consumo. Uma das iniciativas são os testes comparativos. Por meio deles, você pode avaliar com detalhes os produtos e serviços, optando por aquele que mais atende às suas necessidades.

Caso tenha qualquer problema com uma marca e sinta que seus direitos foram desrespeitados, também é possível procurar a PROTESTE para buscar uma solução junto às empresas. Isso pode ser feito pela plataforma Reclame, o canal é ideal para o registro de reclamações, interações e recebimento de respostas de empresas. Além disso, oferece uma assessoria especializada com equipes técnicas que auxiliam você a ter suas demandas atendidas.

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