Reciclagem: como contribuir?

Reciclagem: como contribuir?

O Brasil é o país que menos reaproveita resíduos sólidos no mundo. Márcia Xavier, presidente da Cooperativa Bandeirantes, mostra que pode ser diferente.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, no Brasil, 25 mil toneladas de embalagens chegam diariamente aos aterros sanitários. A maioria dos dejetos poderia ser reciclada, mas o país não possui  infraestrutura. A pesquisa realizada, em fevereiro e março de 2021, por nove membros da Consumers International, da qual a PROTESTE é associada, mostra bem isso.

No estudo, foi avaliada a reciclabilidade de embalagens de 11 produtos em nove países – Brasil, Índia, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Portugal, França, Malásia e China (Hong Kong). O resultado, no geral, mostra que os consumidores, mesmo motivados, não conseguem reciclar.

A falta de informação nos rótulos ou de logística (coleta e transporte até o ponto de reciclagem) dificultam o processo. No Brasil, por exemplo, 17,8 milhões de pessoas não têm sequer coleta de lixo comum em casa. Mas há como driblar as dificuldades, como garante Marcia Xavier, presidente da Cooperativa Bandeirantes, especializada em reciclagem, soluções sustentáveis e educação ambiental.

Não precisa separar os itens recicláveis

É comum o consumidor ficar na dúvida quando a etiqueta de um produto não orienta sobre o descarte correto da embalagem nem aponta se ela é reciclável ou não, mas isso não deve fazer ninguém desistir da prática.

“As pessoas sempre me perguntam o que vai ou não para a reciclagem, e eu sempre falo para colocarem os materiais juntos, todas as embalagens. É só não botar resto de comida e papel higiênico. Porque, quando chega à cooperativa, de qualquer forma, tem que passar por um processo de seleção. Sabemos o que que as empresas realmente estão reciclando ou não”, aconselha Márcia, que já percebe uma mudança de comportamento significativa. “Hoje, o consumidor está aderindo à reciclagem no dia a dia, buscando informações e tendo mais consciência”, celebra.

País é o que menos recicla no mundo

Em 2011, o Brasil implementou a Política Nacional de Resíduos Sólidos para diminuir o volume de detritos e aumentar a sustentabilidade de sua gestão. Ainda assim, o país segue sendo o que menos recicla no mundo, com taxa 3,85% – Austrália é o que apresenta o melhor desempenho, com 58%. “Para darmos uma alavancada, a questão de reciclagem passa pela educação. Assim como temos português e matemática na escola, acho que deveria ter uma matéria sobre resíduos sólidos, e desde a educação infantil”, opina Márcia.

Além da taxa de reciclagem ser baixíssima, a prática no Brasil é restrita aos grandes centros que têm coleta seletiva de lixo, e o alumínio é praticamente o único material reciclado de fato – embora aço, plástico, papel e vidro também sejam recicláveis. “Ele tem o valor muito alto, é o mais caro, e é leve, o que facilita o transporte. Então, a pessoa está passando na rua e encontra uma latinha, é só amassar e colocar dentro de uma bolsinha”, justifica a ambientalista.

Márcia revela ainda que o item menos reciclado no Brasil é o vidro, embora seja 100% reaproveitado. “Ele não tem perda nenhuma, pode estar totalmente quebradinho, em caquinhos, que se recicla. Mas o valor é muito baixo, além de ser um material cortante, quando não é manuseado direito”, diz Márcia, para quem, além de reciclar, é preciso consumir sem excesso.

Sustentabilidade em ação

Reciclar é importante, mas é apenas uma das práticas para um consumo consciente, que envolve ainda reutilizar, repensar, recusar, reduzir, reparar e reintegrar. Sãos os chamados 7Rs de gestão de resíduos, que ajudam o consumidor a fazer a sua parte na construção de um futuro sustentável, e, ainda, economizar, diminuindo despesas. “Com a população consumindo muito, aumenta o número de embalagens. Os 7 Rs mostram aos consumidores como colocar o pé no freio”, afirma Márcia.

Vamos conhecer cada uma das práticas dos 7 Rs, pode ser mais fácil do que imagina incluí-las no dia a dia. Confira.

  •  Reutilizar (ou upcycle) – Dar uma nova utilidade a algo que já foi descartado. Exemplo: a garrafa PET pode se transformar em horta ou em um brinquedo para as crianças.
  •  Repensar – Observar se determinados hábitos são realmente necessários. Exemplo: em vez de carro, o mesmo trajeto não pode ser feito a pé ou de bicicleta?
  • Recusar – Não comprar produtos de empresas agridem o meio ambiente nem itens com embalagens desnecessárias. Exemplo: frutas que vêm em bandejas de plástico ou de isopor. Lembre-se que elas podem ser compradas a granel.
  • Reduzir – Diminuir o consumo de produtos que impactam o meio ambiente, como copos e sacolas de plásticos. Além disso, comprar apenas o necessário, evitando, assim, o desperdício. Ex: inclua na bolsa garfos, facas e copinhos compactos. Eles podem ser levados para qualquer lugar.
  • Reciclar – Pegar algo que não tem mais utilidade e transformá-lo novamente em matéria-prima para outro produto. Exemplo: o plástico é transformado em pequenos grânulos, que podem ser usados na produção de itens como sacos de lixo, pisos, e peças de automóveis. Basta aderir a coleta seletiva ou levar diretamente itens de plásticos, alumínio, vidro e papel ao ponto de reciclagem mais próximo à sua casa.
  • Reparar – Em vez de comprar um produto, conserte-o.
  • Reintegrar – Devolver à natureza aquilo que não pode ser reciclado, como restos de alimentos. Exemplo: transformar cascas de verduras em adubo natural, por meio da compostagem orgânica.

Ficou preocupado? Quer entender um pouco mais sobre a reciclabilidade das embalagens? Na edição de junho de 2021, da Revista PROTESTE, você acompanha os detalhes da pesquisa.

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